sábado, 23 de outubro de 2010

Circo Brasil Apresenta: Presidenciáveis 2010...



Mais uma vez, é época de eleição. Isso mesmo Paranóico, aquela época em que todo político beija o seu filhinho na rua, aperta a sua mão no boteco da esquina, come um pastelzinho na feira e toma aquele cafézinho com leite na padoca do seu bairro. Enfim, época de assistirmos essas e outras inúmeras palhaçadas absolutamente típicas desse tipo de gente, nesse período do ano eleitoral. O fato mais engraçado, ou talvez, se formos pensar em falar com mais sinceridade, o fato mais ofensivo disso tudo é que todos eles, sem nenhuma exceção, acreditam que nós, pobres e reles eleitores tenhamos por verdade que pelo fato de beijar a testa do seu filho, apertar sua mão e sorrir para todos na feira enquanto suja o colarinho com o óleo do pastel de queijo, eles mostrem-se como “pessoas do povo”, pessoas que governarão para o povo, com o povo, pelo povo, e etc. Ofensivamente, agem como se com isso, ínfimas e inúteis atitudes, eles assumissem, de fato, a responsabilidade de se governar com integridade, ética, compromisso, lealdade, devoção, dedicação, determinação, obstinação e amor à pátria.

Sofremos hoje em nossa sociedade, de um mal chamado “ignorância política”. Infelizmente esse vírus vem se propagando, se disseminando e incubando-se a cada dia mais e com mais e mais força através do passar dos anos, dos governos, e dos escândalos. A ignorância política do Brasileiro cresce exatamente na mesma proporção do que a produção de sua curta memória. A mídia, devido a suas novelas e interesses jornalísticos diferenciados, não possui hoje a intenção de cumprir com o seu papel de informar o eleitor, tampouco de fazer a massa populacional lembrar-se de malas pretas em corredores escuros, cuecas abarrotadas de dinheiro, mensalões, mensalinhos, ambulâncias; nem mesmo os mais recentes como as quebras de sigilo fiscal de civis, ou até mesmo os escândalos da Casa Civil que ocorrem desde 2003.

Tirando a baboseira das campanhas de lado, a pouca democratização e descarada falta de comprometimento da mídia jornalista e investigativa de nossos tempos atuais, encontro-me particularmente um tanto quanto intrigada quanto a em quem depositar a confiança de quatro anos de governo da minha pátria, nesse próximo dia 31/10. De um lado da tribuna, temos a iminente ameaça de comunismo; do outro, um tucano que não é lá nenhuma maravilha, e que foi vítima de atitudes ilícitas do atual governo em conchavo com a receita federal, em um dos escândalos talvez mais absurdos que já ouvi falar nesse país desde a falsa destituição da ditadura e do militarismo do poderio da nação. Exagero? Acredito que não! Quebra de sigilo de civis não apenas ilegal, é simples e puramente inconstitucional, e logo com ele, José Serra, que pode ter muitos defeitos, falhas, deméritos e falhas, mas que sempre foi, e é sem dúvida um proclamador da democracia e que nessa eleição, especificamente, paga o preço por não ter optado pelo mais fácil, ou seja, por não ter optado pela covardia de se esconder as e nas sombras de ex-presidentes da república.

Agora, falando em esconder-se e toda a sujeirada mais que é corriqueira da nojenta política de nosso país, afinal, quem é essa tal de Dilma Roussef? Alguém ou algum de nós saberia dizer ao certo, sem nenhum medo de errar, quem é essa candidata? Alguém saberia especificar suas origens? Saberia explicar o motivo de ter sua biografia trancada em um cofre? Ora, caros paranóicos, afinal de contas, de onde ela veio, de quem é filha, a quais cargos já se elegeu em sua trajetória política, quantas vezes, qual seus índices de aproveitamento, bem como de aprovação e aceitação pública e política? Aliás, uma das questões mais interessantes, e que foi, apenas para variar, total e completamente “esquecida” nessas eleições, é justamente em relação às origens dos candidatos, ao seu passado político, a sua trajetória, carreira, formação acadêmica. Opa, claro, na verdade isso se dá, pois não é necessário explorarmos assim os candidatos para essa eleição, afinal de contas quem é que não conhece Fernando Henrique Cardoso e Lula, não é verdade? Uma vez que o embate parece cercasse entre um ex-presidente calado, que nem ao menos na mídia apareceu a fim de defender-se ou até mesmo chamar seu oponente direto na eleição que não disputa para um debate político, e um outro candidato, futuro ex-presidente (chique, não?!) que mesmo depois de não ter conseguido mexer os pauzinhos em tempo hábil para possibilitar a mudança na constituição que lhe garantisse a possibilidade de reeleição, insiste em vender-se como candidato nesta, afinal, alguém que concorda com o slogan “Para o Brasil seguir mudando, vote Dilma, Dilma é Lula de novo” dispensa maiores comentários sobre suas reais e ludibriantes intenções. 

Sabe Paranóico, sinto como se estivéssemos aprisionados em um mal não contemporâneo, mas sim, há muito tempo instalado nos povos latinos. Há uma completa ausência de passado em nossa história recente, uma imensa lacuna entre o ontem e o hoje, o agora e o que se passou. Sinto como se a desesperança política tivesse dominado a todos os Brasileiros, que hoje, assistem em silêncio a toda essa podridão e nojeira que é jogada em nossas faces coradas e suadas, fruto de todo o trabalho pesado das massas populacionais de nossa sociedade. É como se estivéssemos sim, aprisionados como um todo ao fenômeno do fatalismo latino. Como se a idéia de que nosso futuro político, social, econômico, educacional, está previamente traçado e que nada podemos fazer frente a isso, para isso e menos ainda com isso, passando a plena certeza de que qualquer tipo de esforço é em vão, qualquer tipo de manifestação inválida, boba e cheia de descrédito.

É, de fato, creio que motivos nãos nos restariam para lamentar, desacreditar, desiludir, e definitivamente “largar de mão” de uma vez por todas. Porém, também acredito que vale a pena lutar, querer mais, exigir nos direitos, e talvez um poema que expresse exatamente como me sinto e em gênero, número e grau nossa realidade, seja esse que coloco abaixo, para a vossa apreciação, caro paranóico:

“Só de Sacanagem”
Composição: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta a prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.

Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro.

A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
"- Não roubarás!"
"- Devolva o lápis do coleguinha!"
"- Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!

Dirão:
“- Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”

E eu vou dizer:
“- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”

Dirão:
"- É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.

E eu direi:
“- Não admito! Minha esperança é imortal!” - E eu repito, ouviram? IMORTAL!!!

Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final. 

terça-feira, 20 de julho de 2010

Solidão...




Bem, na verdade, a solidão é uma condição inerente ao homem, faz parte da vida. O detalhe é que em certos momentos, a percebemos mais agudamente e não sabemos como lidar com ela. A solidão parece estar longe quando mantemos um relacionamento muito estreito, muito íntimo, com alguém que amamos, com quem temos bastante afinidade e pontos de contato. Ou até mesmo durante uma relação sexual, em que dois são um e sentimos que é possível, de fato, uma união total entre as duas pessoas envolvidas. Mas, cedo ou tarde, chega a hora de encarar a conclusão inevitável: cada um é um. Muitas vezes nos percebemos como parte de um todo – de uma família, de um grupo de amigos, de uma comunidade. Mas chegará o ponto em que tomaremos consciência de que a realização pessoal depende de nossas próprias possibilidades. Em suma, por mais que se viva junto de quem se ama, por mais que se interaja socialmente, não será possível evitar, lá no fundo, a certeza de se ser só.

Com o outro ou em grupo, procuramos suprir as carências e a necessidade de nos sentirmos amados, desejados. Mas por estarmos com o outro ou com outros não deixamos de ser fundamentalmente sós e únicos. Em determinados momentos, acabamos por nos perguntar como a solidão nos apanhou, e porque ela dói ou machuca tanto, porém, na verdade o que acontece é que, nessas circunstâncias, entramos em confronto com algo que sempre esteve presente, apesar de escondido; a solidão. Ela sempre esteve ali. O curioso é que as pessoas que se queixam de viver muito sós falam como se fosse um problema pessoal, e não uma característica de todos nós.

Quem é que não sentiu essa espécie de vazio alguma vez, sozinho em casa? A televisão não distrai, a música, em vez de consolar, lembra situações em que havia pessoas queridas por perto, torna-se impossível concentrar-se na leitura de um livro. Mas, para alguns, basta telefonar para alguém e falar uns minutos para que mude esse panorama sombrio. Para outros, as tentativas de livrar-se da solidão ocorre de forma mais incisiva, agressiva, e até mesmo questionável ou a qualquer custo. Obviamente, nem sempre essas tentativas de aliviar a solidão são bem sucedidas, podendo assim, causar certos efeitos que não possuem muitos remédios fabricados ou receitas eficientes para com seus sintomas. A tão famosa e consideravelmente temida, ressaca moral.


Hoje, vemos uma grande inversão de valores em nossa sociedade, muitas pessoas dispostas a procurar companhia encontram alguém num bar, saem, conversam e vão fazer amor. E depois? E a tal “ressaca moral” que isso deixa? Provavelmente, nesses casos, se houver alguma lucidez ainda em nosso novo sistema de pensamento, e nessa busca desenfreada para livrar-se da solidão de ser só “eu mesmo” em frente ao espelho, perceberemos que, para suprir uma carência, passamos a procurar pessoas e circunstâncias que não possuem nenhuma ligação ou identificação conosco mesmo. Logo, o resultado de tamanha incoerência, só poderia ser uma carência ainda mais sentida, a sensação de solidão crescendo e o vazio à nossa volta ficando maior. Podemos nos justifica, é claro, argumentando que só queremos mesmo prazer e a satisfação da excitação física. Mas, se fosse só pelo prazer físico, havemos de concordar paranóicos que “o outro” seria plenamente dispensável, uma vez que a própria masturbação bastaria. Portanto é mais correto pensar que procuramos alguém para nos sentir, nem que seja por alguns breves momentos, importantes ou significantes para alguém.

As várias saídas de si mesmo nos mostram que não somos apenas um ser com sofrimentos, mas também com significado. É o sentido da própria existência que se procura quando se quer chegar a uma realização cada vez maior, quando se quer crescer afetivamente e emocionalmente, contrapondo esses ganhos aos sofrimentos que a vida traz. E nessa busca não há receitas nem modelos bons para todos. Até porque a saída muda em cada fase da vida.

É exatamente isso que esse sofrimento inerente ao ser humano tem de positivo. Ele é a mola que nos impulsiona no rumo de outras possibilidades e realizações, ou da construção de novas saídas e alternativas que gerem transformações, não só pessoais, como no mundo.

Acredito que pelo menos em parte, o fato de o número de pessoas que queixam-se da solidão ter crescido tanto, deve-se ao empobrecimento pelo qual passam as relações interpessoais, talvez pelas condições da própria vida moderna, que aglomera indivíduos sem a menor afinidade entre si. Ao mesmo tempo, o crescimento da tecnologia não trabalha exatamente a favor de relações. Nas cidades do interior, toda a gente ainda se conhece. Nas grandes cidades, quem mora num prédio não sabe quem são os vizinhos de porta; cada um conserva-se insensível às alegrias e ao sofrimento do outro. Cada um se fecha em seu próprio sofrimento e ali fica. Com isso, tendemos a criar nossos famosos melodramas alimentando essa sensação de que todos a nossa volta estão sempre ótimos, só nós mesmos é que sofremos, quase como se fossemos mártires de todos os pecados do mundo, e apenas e tão somente por isso sejamos merecedores e “tão imenso” e insuportável sofrimento particular.

Enfim, prezados paranóicos, em nossa vida, há, sem dúvida, muitos períodos críticos, de perdas tanto reais quanto aparentes, de tempestades em copo d’água e de verdadeiros furacões. Momentos em que sem dúvida, as perspectivas da condição humana se perdem e o sofrimento vence. Logo, entrar em contato com esse material sofrével e expor-se a solidão não é fácil, mas, somos seres inteligentemente criados com grande capacidade de adaptação e, sendo assim, após compreendê-la, e constatar que na verdade cada um de nós que compõe um todo é apenas único, com sua própria história, percurso, biografia, e uma maneira pessoal de procurar sentido para a sua própria vida, também se percebe estar exatamente nesse fato, á grandeza e a beleza da condição humana.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Eu quero ver gol...



Corações acelerados, respiração presa no fundo da garganta, a explosão de euforia e alegria desmedida crescendo no peito, o grito querendo sair, o atacante frente a meta adversária, a bola rola, o domínio, a ultima olhada para o alvo, a prece sufocada, o drible, a preparação, a expectativa, o chute... O som do estádio anuncia o acontecimento, um lado vibra, o outro cala-se... O coração dispara mais do que o imaginável, o grito descola-se da garganta e ecoa rasgando o ar, intensa e euforicamente do peito de mais de 190 milhões de torcedores...
 
Isso não é apenas futebol, não é apenas uma mera competição, nem envolve um mero esporte! É a representação do orgulho nacional, são 11 guerreiros que lutam em um gramado retangular, em nome de todos de uma nação! A responsabilidade é imensa, a camisa pesa, a bola pesa... Mas são 190 milhões de corações Brasileiros, 190 milhões de torcedores que nascem respirando futebol, crescem aprendendo a bater no escudo bordado na amarelinha e sentir orgulho de fazer parte dessa massa, orgulho de ser o que é, de ser quem é, orgulho de ser Brasileiro! Não como Decos, Cacaus, Tanakas e tantos outros que se repatriaram em lusitanos, nazistas, orientais e etc... Mas, como Zico, como Pelé, como Bebeto, Romário, Dunga, Cafu e tantos outros que verdadeiramente sentiram-se honrados em cobrir o peito com o manto verde e amarelo!
 
Nessa copa Brasil, os 190 milhões de torcedores, divididos em corneteiros, sofredores e espectadores, estarão sempre fiéis e ligados na telinha da TV para torcer e vibrar com nossa seleção... Vencemos os dois primeiros obstáculos e avançamos para as quartas de final, nosso adversário é a badalada Holanda, que além da badalação, vem para enfrentar a seleção Canarinho com sede de vingança pelas últimas copas, onde protagonizamos a queda da Laranja Mecânica no papel de seu algoz, além disso, vem com impecáveis 100% de aproveitamento na copa 2010, bom, é claro, ainda não nos cruzaram, mas, em não mais do que dois dias, esse status encontra-se fadado a mudar! Não, realmente não podemos subestimalos, afinal, são um time que tem camisa, tradição, história, e que vem aguerrido, lutando com garra, força de vontade, determinação e um imenso respeito ao manto laranja que lhes cobre o peito. Mas eu sou Brasil, eu sou a magia das copas, a capital mundial do maior esporte do mundo, e não abaixo a cabeça para ninguém! Sem dúvida, esse será nosso primeiro grande desafio nessa copa do mundo, mas, como sempre, "Eu vou que vou, vou do jeito que sei, de gol em gol, com direito a replay. Eu sempre vou, com o coração batendo a mil, é taça na raça Brasil"... Afinal, qual seria a graça ou o sabor, de ganhar o hexa sem guerra, sem luta, sem suor, sem raça, sem colocar o coração na ponta da chuteira, sem vibrar, sem sofrer? Nenhuma! Por isso Brasil, nós aqui apenas queremos ver gol, não precisa ser de placa, eu quero é ver gol!

 
Eu, meu coração, ah, esse não se engana! A batida no meu peito, o grito na garganta, são do futebol que é Penta! E que venham... Que venha Holanda, Uruguai, Gana, Argentina, Alemanha, Espanha, Paraguai... Eu não me intimido, não me apequeno! Somos o país do futebol, somos uma massa de 190 milhões, temos cinco estrelas bordadas no peito, e queremos mandar bordar a sexta.
E aí, vai encarar?!

terça-feira, 8 de junho de 2010

L'amour...


Afinal de contas, quem foi o desocupado que inventou o amor? Ou pior, quem foi que disse que ele é “ferida que dói e não se sente”? Não se sente? Bom, creio que deve ter sido no sentido figurado que o poeta poetizou a “poesia” que é o amor, certo?! É, acredito que dessa vez as estatísticas estejam do meu lado, afinal de contas, dez entre dez amigos meus já sofreram por amor, e olha que doeu hein Sr. Poeta, doeu bastante, tanto que até a mim foi tangível a dor dos meus, por ironia do destino, amados amigos...

Bom, mas, enfim, o que seria de nós pobres e reles mortais se não fosse a dor? O desamor? O desprezo? Não caro paranóico, eu não enlouqueci, pelo menos ao que me consta, ainda não... A dor é nada mais, nada menos, do que o combustível do crescimento e da auto-preservação para nós seres humanos, os maiores cabeças-duras do universo! É através do desamor e da dor causada por essa rejeição, que aprendemos a valorizar quem nos ama, a valorizar sorrisos sinceros, abraços verdadeiros, beijos calorosos; é justamente através do desprezo de alguns que aprendemos a inestimar o valor dos que se mantém de braços abertos para nós, mesmo quando erramos e dizemos que não vamos voltar mais! É apenas, e tão somente com nossos erros, que adquirimos a experiência necessária para acertar, e até mesmo a maturidade precisa para consertar e reaver as conseqüências das nossas próprias falhas.

Claro! É óbvio que a mim não escaparia essa tão preciosa e educativa virtude de sofrer, chorar, gritar, enfim, quase morrer de amor e por amor! Vivi épocas em que minhas depressões eram chamadas por seus nomes próprios a noite, senti queimar na pele e no peito, o desprezo e a rejeição feroz de pessoas que sem dúvida, foram até hoje as mais amadas e desejadas da minha vida! Por quantas e quantas manhãs, tardes e noites fiquei pelos cantos, um tanto quieta, recolhida, mergulhada em “my private world”, enquanto minhas mágoas veladas competentemente se responsabilizavam pelo transbordar de toda a água contida em minha alma... E olha Sr. Poeta, o Sr. só podia mesmo ser Lusitano para vir com esse papo de ferida que dói e não se sente, porque olha, sinceramente, doeu! Muito e incessantemente... Por vezes, aliás, por diversas e inúmeras vezes, acreditei cegamente que essa dor não passaria, que a falta de ar não teria fim, que o peso no peito e o pulsar descompassado de meu coração ao mesmo tempo cruel e docemente dilacerado me consumiria, que a manhã não chegaria...

Contudo, conforme disse acima, a dor é o combustível para muitas coisas, logo, apesar dos pesares, cresci muito, aprendi muitas coisas e com certeza amadureci em inúmeros aspectos... Custou-me caro, muito caro para ser sincera, mas, paguei o preço. E hoje, o que me pergunto é ... O que será de fato o amor? Sem dúvida, adjetivos e especulações que tentam explicá-lo e até mesmo expressa-lo genuinamente, é o que não nos falta, porém, o que ele realmente é? Por que ele acontece? Como surge? Será mesmo o fogo que arde sem se ver? A tal ferida que dói e não se sente? Ou um contentamento descontente, uma dor que desatina sem doer, o não querer mais que o bem querer, o solitário andar por entre a gente, nunca contentar-se de contente, cuidar que se ganha em se perder? É querer estar preso por vontade, servir a quem vence, o vencedor, ter com quem nos mata lealdade? Ou apenas como diria Ana Carolina, “o amor talvez seja uma música que eu gostei, e botei numa fita”. Será? Será o amor tudo isso? Será nada disso? Será o amor toda essa poesia, ou será apenas um substantivo do vernáculo nacional?

Bem, como diria o filósofo, só sei que nada sei. E ainda ouso complementá-lo... E possivelmente, nunca saberei. Afinal, como causar pode seu favor, nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?

terça-feira, 1 de junho de 2010

Fobias e Preconceitos ...



Em pleno século XXI onde quem impera socialmente é uma louca, desesperada, desenfreada e frenética sede de globalização, muitas vezes acabamos fingindo novos estilos e idéias. E na loucura proporcionada pelo stress caótico do nosso cotidiano acelerado, acabamos por deixar passar despercebido a nós mesmos, esse nosso próprio fingimento particular. Atuamos em cima de conceitos modernos e novas concepções de opção de vida, tanto quanto desprezamos e massacramos os mais velhos e péssimos pré e pré-conceitos que carregamos conosco historicamente...

Fingimos tanto e por tanto tempo que passamos a acreditar em nossa própria mentira que diz sermos seres socialmente evoluídos, ou pessoalmente melhorados. Afinal, hoje em dia temos muitas, muitas e muitas soluções nas quais podemos nos apoiar para perdoar-nos de tudo o que sempre carregamos de herança preconceituosa, não é verdade? Ora, como não caros paranóicos? Nós, jogamos migalhas para as ditas “minorias” as quais chamamos, por exemplo, de “cotas”. Lindo! Realmente muito conclusivo e pontual para todo e qualquer problema de desigualdade social que pudermos ter. Cotas; cotas e mais cotas. Para negros, para os alunos do ensino público – ao invés de um ensino de qualidade, é claro – e até mesmo para os pobres! Acredite se quiser, mas até mesmo os pobres já possuem as tão famosas cotas criadas; o que de fato, me faz pensar no por que não existem ainda cotas para pessoas amarelas, para os imigrantes, as prostitutas, os gays e etc... Afinal de contas, todos esses grupos continuam sendo minorias sociais, não é verdade Lula?!

Bem, em tempos de parada gay possuir adesão de mais de 3,5 milhões de pessoas anualmente em São Paulo, e as vésperas do evento, não poderia eu, deixar de mencionar meu recado aos homofóbicos espalhados por aí... Deixem de ser ridículos meus queridos! Apenas vivam suas vidas; aliás, vivam e deixem viver... Ninguém, nunca, jamais, precisa aceitar nenhum tipo de condição, porém, assim como tudo nessa vida, o respeito é uma via que se dá em duas mãos! Logo, prezado Lula, sabemos que seu intelecto não atinge lá muita sabedoria, porém, não é pela aceitação que as minorias lutam. Não é por 5, 10, ou 15% de vagas cotadas na USP. Não, senhores hipócritas. A luta desses grupos minoritários, é exatamente a mesma batalha da grande massa social! É apenas e tão somente pelo seu lugar ao sol. Pelas suas famílias, filhos, amigos, dignidade e respeito!

Logo, aproveitando o ensejo do período eleitoral que se aproxima, façam-nos uma única gentileza ó prezados políticos e fétida imprensa, peguem suas carteirinhas de hipócritas oficiais e vão para a puta que os pariu!

Obrigada!

P.S.: Viva, cultive e celebre a diferença, afinal, o que seria de você, ó grande Lula, se as pessoas pensassem?! /reflita

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Momentos ...



Momentos... O palavrinha ingrata! Serve-nos tanto para o bem, quanto para o péssimo! Quem nunca teve momentos inesquecíveis vividos com seu grande, e ao mesmo tempo momentos horripilantemente horríveis vividos com essa mesma pessoa, que você quer desesperadamente esquecer? Pois é, essa tal palavrinha consegue nos elevar ao céu, nos dar lembranças para a vida toda, alegrias, surpresas e felicidade, com a mesma intensidade que nos joga no mais profundo dos abismos, no mais escuro dos becos e nos atribui a mais frustrante das desilusões!

Apesar de todos os pesares, se há uma coisa que não podemos e jamais poderemos negar, é o fato de que nossa vida é regida e guiada justamente por essa pequena e ingrata palavrinha; momentos! Colecionamos momentos de todos os gêneros, números e graus no decorrer de nossas vidas, e o fato mais curioso e intrigante nisso tudo, é que são exatamente eles que nos forjam e nos preparam para eles mesmos! Afinal, são os momentos de alegria que compensam os de tristeza, são os momentos de felicidade que suprem e nos dão alternativas para os de solidão e desapego, os sonhadores e ilusórios
que nos fazem suportar a realidade dura e suada que temos que levar... Enfim, eles auto compensam-se entre si, o que ao invés de os tornarem heróis ou vilões, de fato, acabam por torná-los apenas ingratos! Pura e simplesmente ingratos!

Tendo tudo isso em vista, resta a nós "apenas" o importante papel de atribuir significados e assimilações positivas ou negativas aos momentos que passamos em nossas vidas. Ou seja, os momentos negativos aconteceram e se darão de forma proporcional aos positivos, restando a nós, a função de definir exatamente o que nos é, de fato, prejudicial ou que nos é definitivamente saudável!

Os momentos que passamos e vivenciamos em nossa existência enquanto seres humanos, não podem apenas simplesmente ser de todo mal e jamais serão também de todo o bem, logo, sempre e a todo minuto, temos de aprender e reaprender a lidar conosco mesmo, com nossos próprios problemas, ou ate mesmo com nossas alegrias particulares; tendo sempre em vista a questão do equilíbrio vivencial que tanto almejamos! Ou seja, felicidade demais, ou tristeza demais são igual e proporcionalmente prejudiciais a integridade do nosso ser, tornando assim, imprescindível e indispensável tanto a atividade quanto a ação, dessa palavrinha ingrata e chata, em nossa rotina diária.

Sem dúvida nenhuma, todos, ou ao menos grande parte de nós, já ouviu o famoso discurso de "o momento e a oportunidade é você quem faz". Eu pelo menos, já quase caduquei essas palavras no meu vocábulo de tanto escutá-las. O grande problema é que apesar de nós produzirmos e reproduzirmos essa "máxima" cotidiana, não aprendemos de fato, a aplicá-la em nossas vidas. Bom, se realmente temos todo esse poder de fazer nossos momentos e criarmos nossas próprias oportunidades, acredito eu, que seja justamente dentro desse contexto de aprendermos a classificar e reclassificar nossas experiências de aquisições e frustrações dentro de nossa realidade vivencial, tornando possível assim, não a perfeição, mas o equilíbrio sadio entre o caos e a normalidade do dia a dia...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Desencontros, Fugas e Esquivas...


Confesso que comecei esse post de uma maneira, um tanto quanto diferente e inusitada para mim. É, isso ai. Exatamente! Pelo título, rs...

Em geral, nunca começo nenhuma de minhas escritas pelo título. Apenas vou escrevendo e posteriormente, depois do texto concluído é que penso com todo cuidado, é claro, em que título devo colocar, a fim de exprimir a essência do texto em apenas duas ou no máximo três palavras. Tarefa um tanto árdua para ser feita assim, sem nenhum material literário produzido.

Entretanto, para tudo nesta vida tem de haver uma explicação, e não seria a mim, pobre e reles mortal que essa máxima escaparia! Pois bem, era uma bela manhã de sol, acordei e não tinha muita coisa para fazer, era sábado e por ser feriado não tive aula na faculdade... Olhei pela sacada do meu quarto, com a mente ainda meio vazia. Vi o sol lá fora e comecei a pensar em várias coisas, sem muito sentido ou organização lógica, e em um dado momento de meu devaneio particular me vieram algumas intrigantes perguntas a mente... O que é nossa vida, afinal? Será que há mesmo um jeito "certo" ou "errado" de se viver? O que faz de nossas rotinas tão diferentes entre si, tornarem-se a mesma definição de vida para todos nós? O que nos assemelha tanto, mesmo com todas as nossas diferenças?

Confesso que fiquei com esse pensamento um bom tempo na cabeça, e cheguei a três palavrinhas que talvez, ou ao menos para mim, soaram como uma possível conclusão. O que é nossa vida, se não uma coleção de desencontros, fugas e esquivas? Desencontros amorosos, de opiniões, de palavras, de idéias. Fuga de situações, exposições, pesadelos. Esquiva de medos, problemas, coisas, lugares, pessoas...

Ora, caro leitor, quem de nós nunca passou por situações das quais não quer nem mesmo lembrar? Quem de nós nunca sofreu uma forte ou cruel desilusão amorosa, profissional ou pessoal? Quantos de nós nunca acordou com medo de um pesadelo, ou teve problemas que lhe tiraram o sono por diversas noites? Quem pode dizer que nunca sofreu por amor ou nuca chorou por uma grande perda? Pois é prezado paranóico, é isso que nos assemelha. Essa que é nossa vida, nossa sina, nossa rotina e não suportar encarar esses fatos como sendo fatos, é o que torna nosso mal-estar tão permanente.

Por isso é que torna-se tão difícil nos olharmos no espelho! Pois, esse simples "acontecimento" nos faria ter de encarar nossa realidade, olhar para o nosso verdadeiro ego, enfrentar nossas verdades ocultas, parar de culpar o próximo e ver nossas fraquezas mais intimas, aceitar nossa peculiar falta de atitude diante de nossas próprias reclamações e problemas, além de ter que perceber toda a nossa medíocre alienação particular!

Bem, caro leitor, o que quero dizer com tudo isso é que todos nós já passamos ou estamos passando por situações igualmente ruins ou até mesmo desesperadoras, mas o que nos faz obter sucesso nesses momentos é a forma pela qual conseguimos recepcionar, assimilar e agir frente aos nossos medos e até mesmo aos nossos erros e fracassos! É mesmo com todos os desencontros que sofremos na vida, conseguirmos nos encontrar interiormente conosco mesmo. É encarar nossos pesadelos mesmo que na realidade queiramos fugir deles o tempo todo. É não esquivar-se de seus próprios sentimentos, por mais que eles já o tenham feito chorar e sofrer! É não render-se ao padrão que nos é imposto pela sociedade, a fim de que nos tornemos apenas protótipos facilmente manipuláveis e altamente defeituosos, mas, ao contrário, é dar uma pane em nosso sistema atual e nos desconfigurar de toda essa alienação reinante. Então, pense, fale, compre, beba, leia, vote, use, seja, ouça, diga, tenha, more, gaste e viva intensamente! Mesmo que possa parecer estranho, mesmo que socialmente seja bizarro, seja você. Apenas você! E quem aí não tiver teto de vidro, sinta-se completamente a vontade para atirar a primeira pedra!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Liberdade Aprisionada


Hoje não acordei bem. Abri os olhos, olhei pro teto branco do meu quarto... Respirei fundo, chacoalhei a cabeça em uma inútil tentativa de acordar, ou melhor, a fim de realmente despertar de fato, e buscar ânimo para encarar mais uma dessas tediosas, caóticas e fatídicas manhãs de segunda-feira...

Problemas e preocupações atordoam meus pensamentos, mesmo antes de levantar, mesmo antes de conseguir sintoniza-los em uma freqüência minimamente sincronizada ao mundo físico e real... É incrível e ao mesmo tempo um tanto quanto perturbador perceber que por mais que tentemos, jamais seremos homens e mulheres realmente livres. Como assim? Ora, meu caro, diga-me como e se um dia nos livraremos, de fato, da escravidão de nossos pensamentos? Aliás, será que um dia, nossos pensamentos poderam ser apenas livres? Ou teremos por obrigação viver sempre acorrentados e aprisionados aos nossos intermináveis problemas e preocupações?

Alguém aí já ouviu um lindo discurso, geralmente ou pelo menos usualmente narrado assim: "Todo homem possui dois direitos irrevogáveis, a liberdade e a igualdade". Já? Pois é, eu também. Perdi até mesmo a conta de quantas vezes. Agora, o "engraçado" e o que mais me intriga nisso tudo, é perceber o quanto essas premissas são verdadeira e totalmente hipócritas. Ah, sim; pra deixar a coisa ainda mais cômica, pra não dizer trágica, é claro! Vale lembrar que quem teoricamente nos dá e que dentro da mesma lógica deveria nos assegurar esses direitos ditos como irrevogáveis, é o próprio agente de repressão que o impede de atuar!

Como diria o velho, porém, jamais esquecido filósofo "o ignorante afirma, o sábio desconfia e, o sensato reflete". Portanto, caros paranóicos, torço muito para que não desempenhemos apenas o papel de sobriedade e sabedoria que nos é socialmente exigido, mas, que exercitemos algumas qualidades que teoricamente são inerentes a nossa raça, principalmente uma única em particular que nos diferencia minimamente dos outros animais; a nossa capacidade de reflexão. Pois, é apenas através do crivo da sensatez que nossos atos e ações no mundo poderão preservar-nos do cativeiro da alienação que hoje nos é imposta por esse nojento parasita chamado SOCIEDADE!

sábado, 24 de abril de 2010

Conhece-te a Ti Mesmo



Quem sou eu?

Pergunta difícil né?! Bem, eu sou exatamente como você, exatamente! Ambos fazemos parte da mesma espécie, ou melhor, dessa raça, a raça humana. Moldados e pertencentes ao mesmo parasita. Muito, muito, muito antes de nos elaborarmos como seres lindamente chamados de "Bio-Psico-Sociais". Sinto lhe informar caro leitor, mas, já nascemos seres errantes, fomos moldados de forma falha, enganosa, desdenhosa, e próxima da escória. Mas, acalme-se! Para nós, estimados companheiros pertencentes a essa mesma escória humana, o erro não é mais uma falha de caráter, nem ao menos um leve desvio de conduta; tornou-se apenas, um medilcre critério de normalidade.

Assim como você eu vivo, eu rio, eu choro, eu amo, eu canto, eu grito! Assimilo novas informações, vivo novas experiências, sonho e traço novos horizontes, atravesso novos desafios, erro, acerto. Meu conhecimento é incompleto, sim, eu sei. Contudo, esse sanguessua nos faz buscar preencher nossas lacunas intelectuais o tempo todo, transformando essa neurose obsessiva e quase desenfreada, em nossa “rotina diária”, seja nas horas acordadas ou nas horas de sono e descanso. Aliás, sono, descanso? Conceitos interessantes, uma vez que nosso próprio parasita nos oferece-os em prateleiras brancas, nos proporcionando a oportunidade de compra-los, dosá-los e controla-los via “tarjas”, algumas vermelhas, outras pretas... Tudo depende de quantas horas de sono estamos dispostos à pagar!

Todos temos um longo caminho a ser percorrido e, sem dúvida aprenderemos nossas lições ao longo dele. Mas, será que um dia, de fato, nossa maravilhosa razão atingirá a sabedoria? Acredito que a filosofia reinante tem de admitir que não é nela, mas sim na vida, que encontraremos nossas maiores satisfações; não na biblioteca ou na cela monástica, mas na satisfação de nossos instintos mais antigos, aqueles pelo quais, nosso próprio inimigo crônico nos instiga e nos condena.

A felicidade? Bem, acredito ser inconsciente; só nos bafeja quando somos naturais; se nos detemos a analisá-la, desaparece, porque não é natural a nós determo-nos a analisar uma coisa. Se o intelecto contribui para a felicidade não o faz como fonte primária, mas sim como meio de coordenação, como instrumento harmonizador dos desejos. Neste sentido, o intelecto pode ser um precioso auxiliar; e de contrário de nada valeria realizarmos todos os nossos fins, porque os desejos cancelar-se-iam uns aos outros, dando como resultado uma triste futilidade.

Pois bem, essa sou eu. Integrante de uma raça de protótipos imperfeitos e cheios de rancor, que não precisa do que mais de um pouco de poder para começar a mostrar seus defeitos, e agir com a usura que lhe é peculiar. Um ser que porta uma doença crônica, gerada por um parasita chamado sociedade, sim, é essa mesmo o nome do nosso tão querido e estimado sanguessuga particular! Mas, eu, eu mesma, apesar de fazer parte genética dessa escória, nego-me a portar esse vírus incubado. Nego-me a viver conforme regras ditadas por uma sociedade moralmente imoral, nego-me a me render a isso, a esse monte de lixo. Prefiro conhecer a mim mesma, me olhar no espelho e me ver em guerra, do que me descobrir produto dessa escória. Linda por fora, mas recheada de uma fétida e medilcre mesmice cotidiana! Prefiro me olhar no espelho e encarar o MEU reflexo, o meu EGO, o meu eu.

Agora, e você? Já se olhou no espelho hoje?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Imensa Imoralidade da Existência



Viver era como correr em círculo num grande labirinto, esse gênero de labirinto para crianças que se vê em certos parques de jogos modernos; em cima de uma pedra no meio do labirinto há uma pedra brilhante; os miúdos chegam com as faces coradas, cheios de uma fé inabalável na honestidade do labirinto e começam a correr com a certeza de alcançarem dentro de pouco tempo o seu alvo.

Corremos, corremos, e a vida passa, mas continuaremos a correr na convicção de que o mundo acabará por se mostrar generoso para quem correr sem desanimo, e quando por fim descobrimos que o labirinto só aparentemente tende para o ponto central, é tarde demais - de fato, o construtor do labirinto esmerou-se a desenhar várias pistas diferentes, das quais só uma conduz à pérola, de modo que é o acaso cego e não a justiça lúcida o que determina a sorte dos que correm.

Descobrimos que gastamos todas as nossas forças a realizar um trabalho perfeitamente inútil, mas é muito tarde já para recuarmos. Por isso não é de espantar que os mais lúcidos saiam da pista e suprimam algumas voltas inúteis para atingirem o centro cortando caminho. Se dissermos que se trata de uma ação imoral e maldosa, não devemos esquecer que a imoralidade de um homem não poderá, nunca competir com o malefício da ordem do mundo cujas engrenagens bem oleadas funcionam sempre na perfeição.

Temos, por um lado, um desespero que se incendeia rapidamente assumindo formas cada vez menos equilibradas e, por outro lado, uma consciente imoralidade de reflexos metálicos e glaciais, orgulhosa do seu gelo e do seu fulgor.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Medo da Própria Alma




Se Deus não existe... O pior de tudo é que eu digo e afirmo - Deus não existe! - mas na realidade não sei se Deus existe ou não. Não há nada que o prove - ou que prove o contrário. O pior de tudo é que eu sinto uma sombra por trás de mim e não sei por que nome lhe hei-de chamar. O pior que podia acontecer no mundo foi alguém pôr esta ideia a caminho.

Mas mesmo que Deus não exista, tenho medo de mim mesmo, tenho medo da minha alma, tenho medo de me encontrar sós a sós com a minha alma, que é nada, o fim e o princípio da vida e a razão do meu ser. Mesmo que Deus não exista e a consciência seja uma palavra, há ainda outra coisa indefinida e imensa diante de mim, ao pé de mim, perto de mim.