sábado, 23 de outubro de 2010

Circo Brasil Apresenta: Presidenciáveis 2010...



Mais uma vez, é época de eleição. Isso mesmo Paranóico, aquela época em que todo político beija o seu filhinho na rua, aperta a sua mão no boteco da esquina, come um pastelzinho na feira e toma aquele cafézinho com leite na padoca do seu bairro. Enfim, época de assistirmos essas e outras inúmeras palhaçadas absolutamente típicas desse tipo de gente, nesse período do ano eleitoral. O fato mais engraçado, ou talvez, se formos pensar em falar com mais sinceridade, o fato mais ofensivo disso tudo é que todos eles, sem nenhuma exceção, acreditam que nós, pobres e reles eleitores tenhamos por verdade que pelo fato de beijar a testa do seu filho, apertar sua mão e sorrir para todos na feira enquanto suja o colarinho com o óleo do pastel de queijo, eles mostrem-se como “pessoas do povo”, pessoas que governarão para o povo, com o povo, pelo povo, e etc. Ofensivamente, agem como se com isso, ínfimas e inúteis atitudes, eles assumissem, de fato, a responsabilidade de se governar com integridade, ética, compromisso, lealdade, devoção, dedicação, determinação, obstinação e amor à pátria.

Sofremos hoje em nossa sociedade, de um mal chamado “ignorância política”. Infelizmente esse vírus vem se propagando, se disseminando e incubando-se a cada dia mais e com mais e mais força através do passar dos anos, dos governos, e dos escândalos. A ignorância política do Brasileiro cresce exatamente na mesma proporção do que a produção de sua curta memória. A mídia, devido a suas novelas e interesses jornalísticos diferenciados, não possui hoje a intenção de cumprir com o seu papel de informar o eleitor, tampouco de fazer a massa populacional lembrar-se de malas pretas em corredores escuros, cuecas abarrotadas de dinheiro, mensalões, mensalinhos, ambulâncias; nem mesmo os mais recentes como as quebras de sigilo fiscal de civis, ou até mesmo os escândalos da Casa Civil que ocorrem desde 2003.

Tirando a baboseira das campanhas de lado, a pouca democratização e descarada falta de comprometimento da mídia jornalista e investigativa de nossos tempos atuais, encontro-me particularmente um tanto quanto intrigada quanto a em quem depositar a confiança de quatro anos de governo da minha pátria, nesse próximo dia 31/10. De um lado da tribuna, temos a iminente ameaça de comunismo; do outro, um tucano que não é lá nenhuma maravilha, e que foi vítima de atitudes ilícitas do atual governo em conchavo com a receita federal, em um dos escândalos talvez mais absurdos que já ouvi falar nesse país desde a falsa destituição da ditadura e do militarismo do poderio da nação. Exagero? Acredito que não! Quebra de sigilo de civis não apenas ilegal, é simples e puramente inconstitucional, e logo com ele, José Serra, que pode ter muitos defeitos, falhas, deméritos e falhas, mas que sempre foi, e é sem dúvida um proclamador da democracia e que nessa eleição, especificamente, paga o preço por não ter optado pelo mais fácil, ou seja, por não ter optado pela covardia de se esconder as e nas sombras de ex-presidentes da república.

Agora, falando em esconder-se e toda a sujeirada mais que é corriqueira da nojenta política de nosso país, afinal, quem é essa tal de Dilma Roussef? Alguém ou algum de nós saberia dizer ao certo, sem nenhum medo de errar, quem é essa candidata? Alguém saberia especificar suas origens? Saberia explicar o motivo de ter sua biografia trancada em um cofre? Ora, caros paranóicos, afinal de contas, de onde ela veio, de quem é filha, a quais cargos já se elegeu em sua trajetória política, quantas vezes, qual seus índices de aproveitamento, bem como de aprovação e aceitação pública e política? Aliás, uma das questões mais interessantes, e que foi, apenas para variar, total e completamente “esquecida” nessas eleições, é justamente em relação às origens dos candidatos, ao seu passado político, a sua trajetória, carreira, formação acadêmica. Opa, claro, na verdade isso se dá, pois não é necessário explorarmos assim os candidatos para essa eleição, afinal de contas quem é que não conhece Fernando Henrique Cardoso e Lula, não é verdade? Uma vez que o embate parece cercasse entre um ex-presidente calado, que nem ao menos na mídia apareceu a fim de defender-se ou até mesmo chamar seu oponente direto na eleição que não disputa para um debate político, e um outro candidato, futuro ex-presidente (chique, não?!) que mesmo depois de não ter conseguido mexer os pauzinhos em tempo hábil para possibilitar a mudança na constituição que lhe garantisse a possibilidade de reeleição, insiste em vender-se como candidato nesta, afinal, alguém que concorda com o slogan “Para o Brasil seguir mudando, vote Dilma, Dilma é Lula de novo” dispensa maiores comentários sobre suas reais e ludibriantes intenções. 

Sabe Paranóico, sinto como se estivéssemos aprisionados em um mal não contemporâneo, mas sim, há muito tempo instalado nos povos latinos. Há uma completa ausência de passado em nossa história recente, uma imensa lacuna entre o ontem e o hoje, o agora e o que se passou. Sinto como se a desesperança política tivesse dominado a todos os Brasileiros, que hoje, assistem em silêncio a toda essa podridão e nojeira que é jogada em nossas faces coradas e suadas, fruto de todo o trabalho pesado das massas populacionais de nossa sociedade. É como se estivéssemos sim, aprisionados como um todo ao fenômeno do fatalismo latino. Como se a idéia de que nosso futuro político, social, econômico, educacional, está previamente traçado e que nada podemos fazer frente a isso, para isso e menos ainda com isso, passando a plena certeza de que qualquer tipo de esforço é em vão, qualquer tipo de manifestação inválida, boba e cheia de descrédito.

É, de fato, creio que motivos nãos nos restariam para lamentar, desacreditar, desiludir, e definitivamente “largar de mão” de uma vez por todas. Porém, também acredito que vale a pena lutar, querer mais, exigir nos direitos, e talvez um poema que expresse exatamente como me sinto e em gênero, número e grau nossa realidade, seja esse que coloco abaixo, para a vossa apreciação, caro paranóico:

“Só de Sacanagem”
Composição: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta a prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.

Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro.

A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
"- Não roubarás!"
"- Devolva o lápis do coleguinha!"
"- Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!

Dirão:
“- Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”

E eu vou dizer:
“- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”

Dirão:
"- É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.

E eu direi:
“- Não admito! Minha esperança é imortal!” - E eu repito, ouviram? IMORTAL!!!

Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final.