Hoje não acordei bem. Abri os olhos, olhei pro teto branco do meu quarto... Respirei fundo, chacoalhei a cabeça em uma inútil tentativa de acordar, ou melhor, a fim de realmente despertar de fato, e buscar ânimo para encarar mais uma dessas tediosas, caóticas e fatídicas manhãs de segunda-feira...
Problemas e preocupações atordoam meus pensamentos, mesmo antes de levantar, mesmo antes de conseguir sintoniza-los em uma freqüência minimamente sincronizada ao mundo físico e real... É incrível e ao mesmo tempo um tanto quanto perturbador perceber que por mais que tentemos, jamais seremos homens e mulheres realmente livres. Como assim? Ora, meu caro, diga-me como e se um dia nos livraremos, de fato, da escravidão de nossos pensamentos? Aliás, será que um dia, nossos pensamentos poderam ser apenas livres? Ou teremos por obrigação viver sempre acorrentados e aprisionados aos nossos intermináveis problemas e preocupações?
Alguém aí já ouviu um lindo discurso, geralmente ou pelo menos usualmente narrado assim: "Todo homem possui dois direitos irrevogáveis, a liberdade e a igualdade". Já? Pois é, eu também. Perdi até mesmo a conta de quantas vezes. Agora, o "engraçado" e o que mais me intriga nisso tudo, é perceber o quanto essas premissas são verdadeira e totalmente hipócritas. Ah, sim; pra deixar a coisa ainda mais cômica, pra não dizer trágica, é claro! Vale lembrar que quem teoricamente nos dá e que dentro da mesma lógica deveria nos assegurar esses direitos ditos como irrevogáveis, é o próprio agente de repressão que o impede de atuar!
Como diria o velho, porém, jamais esquecido filósofo "o ignorante afirma, o sábio desconfia e, o sensato reflete". Portanto, caros paranóicos, torço muito para que não desempenhemos apenas o papel de sobriedade e sabedoria que nos é socialmente exigido, mas, que exercitemos algumas qualidades que teoricamente são inerentes a nossa raça, principalmente uma única em particular que nos diferencia minimamente dos outros animais; a nossa capacidade de reflexão. Pois, é apenas através do crivo da sensatez que nossos atos e ações no mundo poderão preservar-nos do cativeiro da alienação que hoje nos é imposta por esse nojento parasita chamado SOCIEDADE!