terça-feira, 8 de junho de 2010

L'amour...


Afinal de contas, quem foi o desocupado que inventou o amor? Ou pior, quem foi que disse que ele é “ferida que dói e não se sente”? Não se sente? Bom, creio que deve ter sido no sentido figurado que o poeta poetizou a “poesia” que é o amor, certo?! É, acredito que dessa vez as estatísticas estejam do meu lado, afinal de contas, dez entre dez amigos meus já sofreram por amor, e olha que doeu hein Sr. Poeta, doeu bastante, tanto que até a mim foi tangível a dor dos meus, por ironia do destino, amados amigos...

Bom, mas, enfim, o que seria de nós pobres e reles mortais se não fosse a dor? O desamor? O desprezo? Não caro paranóico, eu não enlouqueci, pelo menos ao que me consta, ainda não... A dor é nada mais, nada menos, do que o combustível do crescimento e da auto-preservação para nós seres humanos, os maiores cabeças-duras do universo! É através do desamor e da dor causada por essa rejeição, que aprendemos a valorizar quem nos ama, a valorizar sorrisos sinceros, abraços verdadeiros, beijos calorosos; é justamente através do desprezo de alguns que aprendemos a inestimar o valor dos que se mantém de braços abertos para nós, mesmo quando erramos e dizemos que não vamos voltar mais! É apenas, e tão somente com nossos erros, que adquirimos a experiência necessária para acertar, e até mesmo a maturidade precisa para consertar e reaver as conseqüências das nossas próprias falhas.

Claro! É óbvio que a mim não escaparia essa tão preciosa e educativa virtude de sofrer, chorar, gritar, enfim, quase morrer de amor e por amor! Vivi épocas em que minhas depressões eram chamadas por seus nomes próprios a noite, senti queimar na pele e no peito, o desprezo e a rejeição feroz de pessoas que sem dúvida, foram até hoje as mais amadas e desejadas da minha vida! Por quantas e quantas manhãs, tardes e noites fiquei pelos cantos, um tanto quieta, recolhida, mergulhada em “my private world”, enquanto minhas mágoas veladas competentemente se responsabilizavam pelo transbordar de toda a água contida em minha alma... E olha Sr. Poeta, o Sr. só podia mesmo ser Lusitano para vir com esse papo de ferida que dói e não se sente, porque olha, sinceramente, doeu! Muito e incessantemente... Por vezes, aliás, por diversas e inúmeras vezes, acreditei cegamente que essa dor não passaria, que a falta de ar não teria fim, que o peso no peito e o pulsar descompassado de meu coração ao mesmo tempo cruel e docemente dilacerado me consumiria, que a manhã não chegaria...

Contudo, conforme disse acima, a dor é o combustível para muitas coisas, logo, apesar dos pesares, cresci muito, aprendi muitas coisas e com certeza amadureci em inúmeros aspectos... Custou-me caro, muito caro para ser sincera, mas, paguei o preço. E hoje, o que me pergunto é ... O que será de fato o amor? Sem dúvida, adjetivos e especulações que tentam explicá-lo e até mesmo expressa-lo genuinamente, é o que não nos falta, porém, o que ele realmente é? Por que ele acontece? Como surge? Será mesmo o fogo que arde sem se ver? A tal ferida que dói e não se sente? Ou um contentamento descontente, uma dor que desatina sem doer, o não querer mais que o bem querer, o solitário andar por entre a gente, nunca contentar-se de contente, cuidar que se ganha em se perder? É querer estar preso por vontade, servir a quem vence, o vencedor, ter com quem nos mata lealdade? Ou apenas como diria Ana Carolina, “o amor talvez seja uma música que eu gostei, e botei numa fita”. Será? Será o amor tudo isso? Será nada disso? Será o amor toda essa poesia, ou será apenas um substantivo do vernáculo nacional?

Bem, como diria o filósofo, só sei que nada sei. E ainda ouso complementá-lo... E possivelmente, nunca saberei. Afinal, como causar pode seu favor, nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?

2 comentários:

  1. A-DO-RE-I, e digo mais Nany, será o amor apenas um pingentinho de coração? Motéis lotados no dia dos namorados? Ou mais uma mera alegoria consumista criada pelo nosso QUERIDO capitalismo? Realmente, possivelmente nunca saberemos, apenas me contento com minhas definições pessoais... Afinal, o amor para mim é... Bom... Como posso dizer... É...Isso ai! ;)

    Bjs, Paulinha...

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  2. Gostei muito do seu texto. Alias, sei que fui amada e te amei muito. Amor é mesmo algo inexplicável. Mas valeu.
    beijos,
    Andréa

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