quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

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Oi Paranoicos de Plantão. Tudo bem? Quanto tempo, não?! Pois é! Fui obrigada a me abster do papel e da caneta, bem como das teclinhas do computador por um tempo, devido a problemas pessoais e da rotina do tal “último ano de faculdade”. Sempre achei que fosse um pouco exagerada e supervalorizada a reclamação dos quinto anistas da minha queridinha Psicologia, mas foi só chegar lá para sentir na pele a loucura generalizada que é tudo isso! Enfim, depois de assumir que quebrei a cara nessa de me achar a “Super Psiquê Girl”, e me igualar a todos os reclamões quase formados, vamos ao que interessa? Estou formada, e agora finalmente Psicóloga, rs. Mas, essa não é a parte que mais nos interessa por aqui não, afinal, minha louca rotina terminou exatamente um ano atrás. Pois bem queridos, alguns pediram, e meu próprio self já não aguentava mais passar por todos esses dias, meses, momentos, sentimentos, alegrias, angústias e aflições cotidianas, sem despejá-las aqui na telinha. Logo, é isso mesmo amores, decreto, que a partir de hoje, meu amado “Paranóia Delirante” está voltando a ativa, e sem dúvida nenhuma, vem com força total!

Pois bem, essa coisa toda de ressuscitar o blog e essa onda de "ano novo, vida nova" que sempre nos deparamos no fim/início de cada ano, me fez pensar um pouco sobre a questão dos ciclos que envolvem nosso dia a dia e os momentos de nossa vida como um todo. Desde os mais viciosos e infelizmente necessários para a sobrevivência - principalmente em nossa sociedade capitalista - até os mais projetivos, íntimos e explanatórios possíveis. É engraçado perceber que quando paramos para pensar em tudo isso, acabamos por nos dar conta de uma realidade que contraditoriamente sempre esteve latente, maquiada, ao mesmo tempo em que estava presente e manifesta, bem na nossa cara. Nosso funcionamento e obrigatoriedade de ajustamento social está tão entranhado em nossa história, que funcionamos de maneira mecânica, programada, com o grande detalhe de continuarmos achando que tomamos decisões livres e concebidas por nós mesmos.


Pensem bem Paranoicos, desde que nascemos assumimos e passamos por diversos ciclos impostos e organizados socialmente. Apesar de obrigatórios, eles tem lá o seu charme, são atrativos. Prometem nos deixar inteligentes, maduros, cultos, independentes, autônomos e autores de nossa própria história, quando na verdade geram apenas imensos espirais de alienação e compensação projetiva satisfatória de nossos pais, avós, bisavós, e etc... No início nosso mundo limita-se ao círculo social e cultural em que nascemos: pais, irmãos, tios, primos, avós, familiares em geral e suas crenças, concepções e verdades. Depois esse ciclo se encerra, e inicia-se um novo onde somos inseridos em um mundo mais amplo, menos particular e que exige habilidades das quais você ainda não dá conta. Você sente o seu porto seguro e toda a sua segurança pessoal escorrerem por entre seus dedos, quando seus pais viram as costas rumo ao trabalho, e te deixam chorando no ombro da "tia" do prézinho. De repente, quando você enfim toma pé da situação, se adapta e se reinventa para satisfazer aquele contexto, já está sendo tirado de lá e iniciando uma nova fase. Essa sim, a mais temida e traumática de todos nós. O colégio. Depois deste momento - caso você consiga sobreviver, é claro - terá então uma nova e cruel questão para responder ao mundo dos tais adultos: o que você quer ser quando crescer? 

Aos trancos e barrancos ou não, somos todos obrigados a passar por estas fases, isto é, se quisermos nos tornar o bendito do "alguém na vida". Durante este percurso, por praxe sócio-cultural, temos a obrigação explícita de rotular, classificar, enquadrar e delimitar tudo e todos que vemos pela frente, tratando a pluralidade e liberdade individual como fator nulo, ou pior, proibido para a convivência saudável em bando. Sem dúvida, não preciso mencionar aqui quantas vítimas esse tal "código de barras social" gera, e menos ainda apontar que daí emergem todo o tipo de qualitativação pejorativa, preconceito e pré-conceito existente. Logo, apesar de contraditório, é exatamente por essa nossa ânsia de corresponder as expectativas do grupo, que acabamos por enfraquecer os laços propostos por ele mesmo.


Apesar dos pesares, e independente de tudo isso, o mais difícil será sempre buscar a resposta para esta perguntinha chata e insistente. Afinal, somos plurais. Assumimos e exercemos vários papéis sociais diferentes de acordo com cada situação, ambiente, e responsabilidade que adquirimos em nossa caminhada. Portanto, buscar uma definição crua e simples chega perto da tentiva de nos "coisificar", nos reduzir a algo, perdendo a oportunidade de enxergar e viver a beleza da complexidade que nos torna humanos.

Hoje, me olho no espelho e acredito que a pergunta tenha que mudar, pois, não sei dizer o que quero ser quando eu crescer,  e menos ainda adivinhar em que momento serei atingida por esse tal "crescer", mas posso dizer, sem medo de errar, que sei quem quero ser, como desejo viver e onde quero estar. Talvez a resposta mais honesta para esta pergunta, não seja qual profissão você deseja seguir, qual carreira familiar precise manter, mas, talvez a resposta esteja aqui, embutida nas coisas simples da vida. Talvez esteja em um olhar, na brisa do fim da tarde na varanda, em um amor que te inspire. Temos a oportunidade de nos tornarmos melhores a cada dia, a cada erro, e também a cada acerto. Essa é a beleza da vida, a beleza de se estar vivo! E se lhes serve de resposta, eu sei que quero ser essa pessoa. Sei que quero ver e viver a beleza do simples. Sei que quero estar na varanda, no fim da tarde, sentindo a brisa do tempo me dizer que valeu a pena!!!

2 comentários:

  1. Uau, Paranoia voltou lindo e cheio de história pra contar! Excelente texto, excelente escritora.. como sempre. Acabei de ler aqui e comecei a fazer as mesmas perguntas mentalmente rs. Roteiro perfeito!
    É gostoso ver algumas respostas por aqui e poder tirar minhas impressões pessoais sobre algumas coisas que narrou, afinal, tenho 10 anos de carteira assinada ahahahha Brincadeiras a parte, é bom ver essa sua evolução particular.. sei o quão sofrido foram alguns dias, mas também sei o quanto você é capaz de ser feliz, no fim das contas, isso é mesmo o que importa ;)
    Parabéns, Loira.

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  2. Nany, o que dizer para você? Você é a garota mais inteligente e talentosa que eu conheço. A intelectual não nerd e quase nerd mais fofa, hahaha. Falando muito sério, não há crítica diferente a fazer a não ser: perfeito!

    Enredo, roteiro, densidade de tema e leveza. Parabéns! Sua escrita anda cada vez mais madura, mais elaborada, mais valente e sincera. Mais uma vez, parabéns por ser quem você é!

    Beijos...
    Love you ♥

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